Bento de Godoy era uma homem extraordinário. Nascido na antiga Bagagem (Estrela do Sul), nas terras de Minas Gerais em 1850, era filho de João Batista de Godoy e Tibúrcia Guilhermina de Godoy. Tinha cinco irmãos. Ativo, progressista, estava sempre atento a tudo que acontecia e pronto a discutir novas ideias e novas iniciativas. Ciente de suas limitações na execução de tarefas técnicas, nunca teve medo de trazer para junto de si as pessoas mais qualificadas.

Segundo a memória familiar, Bento morava em Araguari e tinha relações comerciais com seus parentes, Joaquim Rodrigues da Cunha, fazendeiro proprietário da Fazenda Paraíso, em Caldas Novas. Em 1898, Joaquim estabeleceu com Bento um contrato para uma viagem comum ao Rio de Janeiro em companhia de sua mulher e de sua única filha, Maria Tereza. Essa longa viagem foi determinante para que, no retorno, Bento pedisse Tereza em casamento.

Casado, Bento mudou-se para Caldas Novas em 1899, onde se estabeleceu. A loja “Casa Mineiro-Goiano” foi seu primeiro negócio. A fazenda, que herdou do sogro, tornou-se modelo. Depois veio a farmácia, o cinema e muito mais. Foi ele quem trouxe para Caldas Novas o primeiro telefone, a primeira máquina de costura, o primeiro automóvel, o Cine Iris, a primeira tipografia, as diligências, o caminhão, a jardineira, a ponte e a estrada para Ipameri.  A Lagoa do Pirapitinga também foi beneficiada graças a iniciativa de Bento de Godoy. Inicialmente, a lagoa era apenas um banhado para o qual convergiam os mineradores de água termal. Bento mandou limpar e desobstruir a bacia, desmatar as áreas marginais, abrir um tangue para as crianças e construir um rancho fechado próximo à margem, onde istalou banheiras para uso de sua família. Com essas obras, criou a lagoa para uso comunitário.

A foto, de 1918, mostra uma visita de crianças do Grupo Escolar na qual se pode ver o rancho. Bento foi o líder da emancipação de Caldas Novas e seu primeiro prefeito, em 1912. Durante seu mandato, urbanizou a cidade e estabeleceu a praça principal com um desenho geométrico admirável, que pode ser claramente visto na foto tirada do andar superior da cadeia. Depois de empossado na prefeitura, chamou seu irmão Teófilo para que redigisse o projeto de lei orgânica municipal, a mesma que vigou , com poucas alterações, até a vigência da Constituição Federal de 1988. A Lei Orgânica atual é de 1990. Bento de Godoy ajudou a eleger seu sucessor, Orcalino dos Santos Veloso, tio de Tereza. A partir de então, passou a lutar, com o apoio do prefeito e patrocinado pelo Governador Olegário Pinto, para obter a concessão pública para a construção da ponte sobre o rio Corumbá. Depois de Orcalino, apoiou a eleição de seu sobrinho, Juca de Godoy, em cujo mandato foi construída a estrada para Ipameri. Nesse período, Caldas deixou de ser vila e foi elevada à condição de cidade, por lei estadual.

Além destes, Bento de Godoy conviveu e colaborou com outros nomes importantes na construção da história da Caldas Novas, como Orlando Rodrigues da Cunha, Victor Ozeda Ala, Josino Bretas, Joaquim Rodrigues da Cunha, Odilon de Sousa, entre outros. O coronel Bento morreu em 1936, em Caldas Novas, cercado do respeito e da amizade de muita gente e do carinho de sua grande família.

Quatro filhos do Cel. Bento de Godoy.

Da esquerda para direita, Lygia, Sinhá, José Lafayete e Celso!

Casal Maria Tereza Rodrigues de Godoy e Cel.Bento de Godoy!

Dr. Bento de Godoy Neto, presidindo uma reunião da Câmara Municipal de Caldas Novas, tendo como pares, Ivon da Cunha Bastos, Gerondino Gonsalves, representante do Sapé, Zeca Augusto, representante da região do Rio Quente, Sr Alcides Moraes e um outro colega vereador (não identificado).